sábado, 23 de maio de 2015

CONHECIMENTO ETNOBIOLÓGICO DOS PESCADORES DE SIRIS DO ESTUÁRIO DO RIO VAZA-BARRIS,

Autor: Silva, Irane Gonçalves da 
Primeiro orientador: Nishida, Alberto Kioharu
Resumo: 
A pesca artesanal dentro do complexo estuário-manguezal constitui a principal fonte protéica e econômica de muitas comunidades ribeirinhas, as quais adquiriram e acumularam conhecimentos ao longo de gerações, fruto de experiências.
 
Os estudos dos saberes das populações locais sobre a natureza e como os recursos naturais são explorados são de suma importância para a valorização do conhecimento etnobiológico das mesmas e para a administração dos recursos naturais de forma adequada. Com o objetivo de analisar o conhecimento etnobiológico que os pescadores do manguezal do estuário do rio Vaza-Barris, Sergipe, possuem sobre os siris e descrever a atividade de captura desse recurso, foram realizadas 20 entrevistas semi-estruturadas e estruturadas, conversas informais e observações participantes com pescadores especialistas na pesca de siris, do município de São Cristóvão.
 
Os específicos folk identificados pelos pescadores foram: "siri-de-mangue" (Callinectes exasperatus), "siri-de-ponta", "siria-de-cumidia" e "siria-nica" (Callinectes danae), "siri-pimenta" e "siri-cachorro" (Callinectes larvatus), "siri-cagão" (Callinectes bocourti), "siri-patola" (Calappa sulcata" e "siri-de-viveiro" (Callinectes sapidus e Callinectes bocourti).
 
Critérios morfológicos, ecológicos e comportamentais foram utilizados na identificação, nomeação e classificação dos específicos folk. Os pescadores associam a ocorrência, a distribuição espacial e temporal e aspectos reprodutivos dos siris aos movimentos de marés, ao ciclo lunar e às estações sazonais. A ecologia trófica dos siris é bastante conhecida pelos pescadores, apresntando muitas correspondências com informações científicas e o processo de ecdise dos siris é conhecido em detalhes.
 
Os conhecimentos sobre esse recurso foram adquiridos através de transmissão cultural (vertical e horizontalmente), além do aprendizado individual proporcionando pela vivência prática (pesca). As técnicas utilizadas na captura dos siris são os covos, linha, fisga, facão, facheado e redinha. O regime de pesca e a escolha da técnica empregada variam em relação à espécie alvo, aos movimentos de maré, ao ciclo lunar e ao período sazonal e, consequentemente, em relação aos padrões de distribuição das espécies de siris. As mulheres utilizam a linha na captura dos siris, a qual é conhecida como "pesca de mulher".
 
Os "siris de mangue" são vendidos vivos e os "siris de ponta" passam por um beneficiamento, onde são cozidos e quebrados para a retida da carne, para fazer o "catado". O rendimento mensal apenas com a venda dos siris varia de eR$ 150 a R$ 1000, dependendo da espécie de siri que é comercializada, do período sazonal e da presença ou não da figura do cambista no processo de comercialização. Faz-se necessário a execução de pesquisas, partindo-se das informações dos pescadores, para testar hipóteses, e enriquecer o conhecimento científico acerca das espécies de siris, principalmente sobre C. exasperatus, que constitui a espécie mais importante cultural e economicamente.

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